A presença da Geração Z em cargos de comando está deixando de ser exceção. Profissionais com menos de 30 anos já lideram equipes, projetos e decisões relevantes, especialmente em áreas como tecnologia, inovação e marketing digital. Segundo dados do Infojobs, esse movimento vem acompanhado de uma mudança no estilo de gestão, com novos critérios de valorização profissional e prioridades diferentes das gerações anteriores.
A gerente sênior de recursos humanos da Redarbor Brasil, Hosana Azevedo, avalia que esse processo está apenas no início. Ela observa que esses profissionais estão promovendo transformações consistentes dentro das empresas e contribuindo diretamente para os resultados. “Essa geração tem urgência, clareza de propósito e não hesita em questionar estruturas estabelecidas”, afirma.
Uma pesquisa recente realizada pela plataforma de empregos indica que o fator mais relevante para a escolha de uma carreira, para 70% dos entrevistados da Geração Z, ainda é o retorno financeiro e a segurança. Contudo, outros critérios aparecem logo na sequência: equilíbrio entre vida pessoal e trabalho (49,4%) e chances de crescimento (48,2%).
Azevedo destaca que, para atrair e manter esses profissionais, as companhias precisam adaptar práticas de gestão e criar um ambiente mais participativo. Isso inclui escuta ativa, espaço para criatividade e oportunidades constantes de desenvolvimento. “A coerência entre discurso e prática é um diferencial. Empresas que apenas comunicam, mas não aplicam, perdem espaço com esses talentos.”
A pesquisa também aponta que o principal motivo de desligamento ou desejo de saída é a existência de uma cultura tóxica ou desalinhada, conforme relatado por 71,6% dos participantes. Outros fatores relevantes são a ausência de reconhecimento (45,2%) e a sobrecarga (36,5%).
A recusa em aceitar ambientes nocivos ou práticas ultrapassadas está pressionando empresas a reverem seus modelos de gestão. Estruturas rígidas, controle excessivo e decisões verticais perdem espaço para métodos mais abertos, com maior transparência e participação. O foco em saúde mental também é uma prioridade para essa geração, que trata temas como ansiedade e burnout com naturalidade e busca lideranças mais humanas.
Além disso, os jovens líderes valorizam a aprendizagem contínua. Para 41,7% dos entrevistados, a existência de programas de capacitação é um critério central para a permanência na empresa. Essa demanda estimula a criação de trilhas de carreira mais aceleradas, metodologias ágeis e programas de liderança voltados à formação de novos gestores.
Essa tendência tem impacto direto sobre a configuração dos times e a estrutura organizacional. Azevedo observa que a experiência prévia não é mais o único critério decisivo. “Hoje, empresas consideram com mais peso a adaptabilidade, visão estratégica e capacidade de entrega. Isso favorece lideranças mais jovens e alinhadas ao dinamismo atual.”
As características mais marcantes dessas lideranças incluem agilidade na adoção de tecnologias, foco em impacto social, habilidade de comunicação e aversão a hierarquias inflexíveis. São profissionais que preferem co-criar a comandar, buscam resultados com colaboração e rejeitam estruturas baseadas em controle. “Eles não querem apenas ocupar espaços; querem transformá-los”, resume a gerente de RH.
Outro ponto observado é o engajamento com temas ambientais, diversidade e responsabilidade social. Para essa geração, essas questões não são acessórios institucionais, mas elementos estruturantes da cultura. E quando a organização não reflete esses valores, a resposta costuma ser rápida: ou há mudança, ou há desligamento.
Com atuação horizontal, esses líderes priorizam o diálogo constante e a construção de um ambiente onde todos possam se expressar. Segundo dados internacionais da consultoria Gallup, 62% dos profissionais que trabalham com gestores da Geração Z relataram sentir mais liberdade para falar sobre saúde mental no trabalho.
A postura crítica, a busca por coerência e o foco no coletivo tornam esse grupo um vetor de transformação para o mercado. Para Azevedo, não se trata de resistência à cultura tradicional, mas de uma exigência legítima por ambientes mais transparentes, justos e conectados com a realidade atual.
A Geração Z está ocupando espaço, liderando e moldando uma nova lógica organizacional. Não se trata apenas de juventude no comando, mas de uma reformulação nos critérios de liderança e nos caminhos para a construção de ambientes corporativos mais sustentáveis e coerentes com os tempos atuais.
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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/geracao-z-assume-cargos-de-lideranca/