Ministra Carmen Lúcia, do STF, e Macaé Evaritsto, dos Direitos Humanos, participaram da programação promovida pelo Sesc-RJ
Entre 31 de julho e 3 de agosto, o Sesc-RJ promoveu uma série de debates, encontros, shows e rodas de conversa durante a programação da Feira Literária de Paraty (Flip). As atividades aconteceram em três espaços: no Sesc Santa Rita, na Casa Edições Sesc e na Casa Sesc, localizados no Centro Histórico de Paraty.
Nesse último, o Sesc-RJ recebeu as ministras Carmen Lúcia, do STF, e Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos, em mesas temáticas que discutiram políticas públicas na área de inteligência artificial e a promoção de acessibilidade por meio da cultura e da educação. Toda a programação era gratuita e com acessibilidade em Libras e Audiodescrição.
Ministra dos Direitos Humanos defende acessibilidade
Durante a roda de conversa “Pensando a escola como floresta: caminhos para a educação inclusiva”, a Ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, destacou a importância de se pensar a acessibilidade e a inclusão não apenas no contexto escolar, mas como uma agenda transversal que envolva também as cidades, os eventos culturais e os espaços de produção de conhecimento.
“Essa iniciativa do Sesc-RJ de trazer esse tema da acessibilidade e da inclusão é muito importante, porque muitas vezes as pessoas pensam que isso é para pensar só do ponto de vista da educação escolar. Mas precisamos pensar como construímos municípios acessíveis”, afirmou a ministra.
Macaé elogiou a experiência da Casa Sesc, estruturada com acessibilidade plena e recursos voltados às especificidades do público, e defendeu que esse modelo possa inspirar mudanças mais amplas: “A experiência da casa, em que foi pensada uma casa 100% acessível, que as pessoas têm acesso a recursos e a mecanismos para que elas possam ser atendidas nas suas especificidades, essa é uma experiência que precisa transbordar da Casa Sesc para o conjunto do Festival Literário, assim como a gente precisa impregnar as cidades nos diferentes eventos.”
Ministra Cármen Lúcia reforça protagonismo humano diante da inteligência artificial
Na noite de sábado (2/8), a Casa Sesc promoveu uma das mesas mais aguardadas da programação: “Inteligência Artificial e Direitos Autorais”. O debate reuniu a Ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia, o presidente da Fecomércio-RJ, Antonio Florencio de Queiroz Junior, e o professor, escritor, advogado e jurista Gabriel Chalita, que conduziu a conversa. O encontro lançou luz sobre os impactos da inteligência artificial nas formas de criação, nos direitos autorais e na economia criativa, além de discutir o papel das instituições diante das rápidas transformações tecnológicas.
A ministra defendeu que a tecnologia, quando bem utilizada, pode ser uma aliada da sociedade. No entanto, advertiu para os riscos de um uso desregulado, capaz de comprometer valores fundamentais como a liberdade, a justiça e a solidariedade. Para ela, há um limite ético claro que precisa ser respeitado: “A inteligência artificial bem utilizada nos ajuda muito. Se houver o abuso, ela desnatura a própria liberdade, que é o que nos leva a sermos uma sociedade voltada para libertação, para justiça e para solidariedade.”
Durante a conversa, o presidente da Fecomércio-RJ trouxe à tona uma questão prática e urgente: como o Judiciário pode lidar com a pirataria em um cenário de circulação digital ágil e sem fronteiras. Ele destacou que se trata de um problema grave para a economia brasileira e pediu à ministra uma reflexão sobre o tema.
Cármen Lúcia explicou que o Brasil possui uma legislação sólida sobre o assunto e que, quando o ilícito é comprovado, o Judiciário age sem obstáculos. No entanto, destacou que o grande desafio não está apenas na aplicação da lei, mas na prevenção. Ao final, Cármen Lúcia reafirmou a importância da palavra como instrumento de humanidade em tempos de avanço tecnológico: “Com a palavra, nós conseguimos tomar o nosso prumo de humanidade. […] Esse gosto (pelas palavras) é o gosto da gente manter a humanidade.”