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Caos pelo excesso

Bertran S. Filomena

Empresário e estrategista de negócios

Vivemos a era do exagero, do excesso, do máximo! Enxurradas de informações, volumes enormes de opções, vasta diversidade de lojas e marcas, inúmeros “amigos” nas redes sociais… Tudo isso foi conquistado com base nos avanços da nossa sociedade, no progresso econômico e tecnológico e, sim, deve ser comemorado. Nunca antes tivemos tanto conforto quanto na atualidade. No entanto, no meio de tanta informação, de tantas distrações, de tantas opções, corremos o risco de nos perdermos e de perdermos o foco, de ignorarmos a essência, de sairmos da linha e de acabarmos complexificando aquilo que poderia ser simples.

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O complexo, infelizmente, tornou-se a regra. O simples ficou de lado, tornou-se a exceção. No mundo dos negócios, empresas e gestores passam o dia todo abrindo diversos projetos, alimentando milhares de planilhas, planejando e executando inúmeras iniciativas e criando mais e novos produtos, muitas vezes, sem nem mesmo olhar o potencial de mercado, a capacidade operacional e as necessidades dos consumidores. Executivos e gestores com agendas cheias, mas sem prioridade. Apenas no modo automático do “mais, mais, mais”…

O perigo é sermos levados a buscar e a aceitar raciocínios e estruturas de pensamento complexos, com diversas correlações, premissas e efeitos. Uma explicação complexa, com termos difíceis, cheia de expressões estrangeiras (budget, break even, business plan), com uma apresentação de Power Point cheia de gráficos, dados e tabelas vai parecer, naturalmente, aos olhos de um leigo, uma explicação mais inteligente. Leva-nos, de forma imediata e instintiva, a crer que o interlocutor é inteligente e que se dedicou profundamente ao assunto. Perceba o quanto a complexidade pré-fabricada nos engana no processo de tomada de decisões.

Um modelo mental que ajuda a trazer foco e priorização, tanto para nossas vidas pessoal quanto profissional, é a lei de Pareto, também conhecida como 80/20. Segundo ela, 80% dos nossos resultados são oriundos de 20% das ações. Ao aplicar o 80/20, conseguimos fugir do caos gerado pelo excesso, filtrar as informações e descobrir quais são os (poucos) fatores-chave que geram grande impacto na geração de resultados, os quais são chamados de: alavancas da sua vida ou do seu negócio.

Outro poderoso modelo mental para simplificação e resolução de problemas foi desenvolvido por William de Occam, um frade franciscano do século XIV, que ficou conhecido como “Navalha de Occam”, pois elimina (corta como uma navalha) diversas opções e alternativas que servem apenas para deixar a situação mais nebulosa, complexa e difícil de ser compreendida e solucionada. Segundo a Navalha de Occam, a pluralidade nunca deve ser colocada sem necessidade e, a partir dela, pode-se derivar alguns direcionamentos muito claros de como analisar situações, encarar os problemas e de como estruturar o nosso pensamento para chegar a explicações prováveis e simples:

Simplifique sempre que possível (simplificar não é atalhar);

Ser parcimonioso é não complexificar sem necessidade;

Dentro de um rol de hipóteses, aquela com menos premissas deve ser escolhida.

Por fim, fazer perguntas e questionar continuamente é mandatório. Onde eu devo empregar os meus escassos recursos (tempo, dinheiro, atenção) para gerar maiores e melhores resultados? De que forma eu consigo permanecer com a essência e me livrar do que é apenas distração? Isso é busca constante de produtividade, de fazer melhor com menos. Volume não significa essência, você não precisa de mais coisas, de mais produtos, de mais atividades ou de mais projetos. Não se permita sentir confuso e perdido nesta, propositalmente, fabricada complexidade de agendas lotadas de compromissos, mas vazias de objetivos.

Foque no essencial. Proteja e dissemine o básico bem feito. Valorize o necessário, não o acessório. Desacelere sua mente das “ondas do momento”. Saia do modo automático. Menos é mais!

Fonte Oficial: https://www.jornaldocomercio.com/cadernos/empresas-e-negocios/2025/08/1211909-caos-pelo-excesso.html

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