O exemplo que vem do campo

CEO da Excelsior Alimentos

O Dia do Agricultor é, acima de tudo, uma data para reconhecer. Valorizar o trabalho de quem atua no campo e lembrar o quanto o Rio Grande do Sul depende dessa força produtiva é mais necessário do que nunca. Vivemos anos marcados por instabilidades e eventos extremos que afetaram diretamente os pequenos produtores. Quando o agro gaúcho sofre, todos sentem. Afinal, produtores do Estado garantem alimento de qualidade na mesa de gaúchos, brasileiros e consumidores no exterior. É também do campo que vem a resiliência. E é por ele que começa a reconstrução.

As enchentes de 2024 que atingiram o Rio Grande do Sul deixaram cicatrizes profundas, sentidas até hoje na nossa economia. Afetaram cidades inteiras, arrastaram memórias, desorganizaram cadeias produtivas. Mas também revelaram algo fundamental: a resiliência do povo riograndense. E, entre eles, claro, os agricultores.

Nas zonas rurais, os impactos foram severos e ainda estão sendo superados. Muitas famílias perderam plantações, criações, estruturas. A agricultura familiar, que sustenta parte expressiva da economia local e garante o abastecimento alimentar, foi especialmente afetada. Mas é justamente desse setor que assistimos a exemplos diários de reconstrução.

Segundo o Painel do Agronegócio do RS, produzido pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), o Rio Grande do Sul é o quarto Estado do país em número de pessoas ocupadas na agricultura familiar. Estamos falando de milhares de famílias que produzem, inovam, geram renda e mantêm viva a cultura alimentar do interior. São elas que movimentam pequenas e grandes agroindústrias espalhadas por todo o território gaúcho. É das terras gaúchas de onde surgem matéria-prima para pães, queijos, vinhos, embutidos e tantos outros alimentos com identidade e valor que levam a tradição e a qualidade local para diferentes partes do Brasil.

Essa diversidade é uma grande riqueza do Rio Grande do Sul. E quando a indústria reconhece esse potencial, todo o sistema se fortalece. Na Excelsior, acreditamos nisso. Por isso, temos feito questão de estreitar nossos laços com pequenos produtores e cooperativas locais.

Foi com esse olhar que criamos a linha Raízes do Sul, que tem entre os destaques, por exemplo, o aipim cultivado por agricultores do Vale do Rio Pardo. Hoje, contamos com um portfólio que inclui vegetais congelados e pratos prontos, que levam insumos da agricultura familiar. É uma forma de transformar o que é local em algo maior, com escala, qualidade e respeito à origem, além de promover oportunidades e ajudar a fomentar as regiões onde vivem os produtores, contribuindo para dar condições de gerar emprego e renda em diferentes comunidades. 

Não se trata apenas de ampliar o portfólio. É sobre valorizar quem torna possível o alimento chegar à mesa. Compreender que produzir envolve impactos reais na vida de quem planta e de quem consome. É sobre cultivar relações sólidas, compartilhar valor com todos os elos da cadeia. Acompanhamos de perto a dedicação dos nossos parceiros em fornecer insumos de qualidade, que se transformam em pratos saborosos no dia a dia da população.

O consumidor também tem seu papel. Os hábitos mudaram, e, com eles, as exigências. Hoje, queremos saber de onde vem o que comemos, de que forma foi produzido, quem está por trás. Sustentabilidade, saúde e sabor caminham juntos. E devem caminhar com responsabilidade.

Para nós, da indústria, isso representa um compromisso: impulsionar boas práticas, valorizar o que é regional e investir em uma cadeia produtiva mais justa. Produzir com propósito é o único caminho possível.

Neste 28 de julho, mais do que celebrar, reafirmamos o compromisso em apoiar o agricultor e fortalecer o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Em um momento em que reconstruir é preciso, nada é mais estratégico do que fortalecer quem nunca deixou de plantar mesmo diante das maiores adversidades.