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Melnick traça estratégias voltadas para as cidades

Com mais de 50 anos de história, a Melnick é uma das principais incorporadoras do Sul do Brasil — referência em empreendimentos de alto padrão que moldaram o skyline de Porto Alegre. Agora, a empresa vive um momento estratégico de expansão, levando sua marca para novos territórios: projetos já começam a sair do papel em Santa Catarina e São Paulo, consolidando o movimento de crescimento para além das fronteiras gaúchas.

Mas o olhar da Melnick vai além do concreto. Ao longo dos anos, a incorporadora vem investindo em iniciativas de impacto social, cultural e urbano, por meio da plataforma I Love POA, que já revitalizou praças, patrocinou eventos e promoveu ações de cuidado com a cidade e seus moradores. Em 2024, esse compromisso ganhou corpo com a criação do Instituto Melnick – um braço social estruturado, com atuação voltada à comunidade e à cultura.

Um dos eixos do Instituto aposta na arte como ferramenta de transformação urbana. A proposta? Fazer de Porto Alegre uma verdadeira galeria a céu aberto. Murais, intervenções e projetos de arte pública devem ocupar espaços urbanos e provocar novas conexões entre as pessoas e o lugar onde vivem. 

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Empresas & Negócios – Qual é a palavra que melhor define o momento atual da Melnick?

Leandro Melnick – Oportunidade.

E&N – O que motivou a empresa a expandir sua atuação para Santa Catarina e São Paulo agora?

Melnick – A Melnick está em um momento estratégico. Após nosso IPO, há quatro anos, decidimos não utilizar de imediato os recursos captados, pois antecipamos um cenário de aumento de juros e retração econômica. Essa decisão nos permitiu preservar capital em um momento desafiador e aguardar oportunidades. Hoje, com o mercado mais cauteloso, nossa estrutura capitalizada nos coloca em vantagem para expandir. São Paulo e Santa Catarina oferecem boas oportunidades e temos conhecimento dessas praças, o que reduz riscos. Além disso, nossa marca se consolidou, facilitando parcerias com proprietários e investidores em projetos de alto padrão.

E&N – Quais são os maiores aprendizados que Porto Alegre trouxe e que vocês levam para os novos mercados?

Melnick – Porto Alegre nos formou como empresa. Atuamos em um ambiente desafiador, com instabilidades econômicas e políticas, o que nos ensinou a ser resilientes. Construímos uma estrutura sólida baseada em gestão eficiente, foco em produtos de alta qualidade e em operações complexas, como incorporações integradas a shoppings, hotéis e marcas. Outro diferencial é nossa política de não trabalhar com alavancagem financeira. Somos uma empresa capitalizada, o que nos garante estabilidade e agilidade em momentos estratégicos. Além disso, acumulamos grande conhecimento em engenharia, comercial e operação, o que agrega valor em qualquer praça onde atuamos.

E&N – O Instituto Melnick nasce como uma nova fase do I Love POA. Qual foi o estalo que deu origem a essa virada?

Melnick – Sempre tivemos ações sociais ligadas à cidade. Há mais de 25 anos, adotamos praças, revitalizamos espaços públicos e promovemos melhorias urbanas. Sentimos que era hora de ampliar esse impacto e criar uma estrutura dedicada para isso. O Instituto nasceu da soma do que já fazíamos com a vontade de organizar e ampliar, especialmente após as enchentes de 2024. A atuação da minha esposa, Camila, em ações emergenciais em Eldorado do Sul, foi um ponto de virada. O Instituto Melnick surge como uma plataforma para catalisar e potencializar ações sociais, inclusive em parceria com outras empresas que desejam ajudar, mas muitas vezes não sabem como ou por onde começar.

E&N – Porto Alegre como uma galeria a céu aberto: por que essa ideia faz tanto sentido para vocês?

Melnick – Temos uma conexão profunda com Porto Alegre. A cidade nos acolheu e faz parte da nossa história. O projeto I Love POA nasceu para resgatar a autoestima dos moradores, em um momento em que a cidade parecia ficar para trás em relação a outras capitais. Queremos valorizar a cultura local e transformar a arte em algo acessível, presente nas ruas. Porto Alegre tem uma vocação cultural forte, com museus, bienais, artistas locais — e a arte pode ocupar também os espaços públicos. Nossa proposta é fazer da cidade um grande museu a céu aberto, com obras espalhadas pelas esquinas, integrando beleza, identidade e pertencimento à paisagem urbana.

E&N – Como a empresa equilibra retorno financeiro com impacto social e cultural?

Melnick – Lucro e impacto não são excludentes. O capital é o motor que permite à empresa crescer e também investir em ações sociais e culturais. O retorno financeiro sustentável é o que garante a continuidade dos projetos. Ao longo de 55 anos, mostramos que é possível aliar rentabilidade com compromisso com a cidade. Projetos como o Pontal do Estaleiro, que une urbanismo, lazer e integração com o Guaíba, mostram que desenvolvimento econômico pode andar junto com transformação urbana e social. É essa visão integrada que norteia nossas decisões.

E&N – Você acredita que uma incorporadora pode mudar como as pessoas vivem a cidade?

Melnick – Sem dúvida. As incorporadoras constroem a cidade — não apenas fisicamente, mas também social e simbolicamente. Projetos bem pensados melhoram a mobilidade, incentivam a convivência, ampliam a relação com o espaço urbano. Atuamos dentro das diretrizes do Plano Diretor, mas também propomos soluções. Criamos estandes abertos ao público, como o Square Garden, com praça gastronômica, e o Pontal, que teve um “parque decorado” antes mesmo de ser construído. Também buscamos integrar natureza e cidade, como no projeto Ponta da Figueira, com canais navegáveis. Nosso propósito é transformar o jeito de viver — não só dos nossos clientes, mas da cidade como um todo.

E&N – Qual foi o projeto social mais marcante que já passou pelas mãos da Melnick?

Melnick – Vários se destacam. A revitalização das praças foi um divisor de águas. A praça Carlos Simão Arnt, mais conhecida como praça da Encol, por exemplo, tornou-se espaço de lazer e encontro, com Pet Place, playground moderno e iluminação de padrão internacional. O projeto I Love POA também teve grande impacto simbólico, criando pontos de orgulho pela cidade. Mas talvez o mais marcante tenha sido a atuação durante as enchentes de 2024. Interrompemos nossas atividades, transformamos estandes de vendas em centros de doações, criamos abrigos — inclusive um exclusivo para mulheres — e viabilizamos transporte aéreo para envio de suprimentos. Em parceria com Gerdau e Gerando Falcões, estamos reconstruindo uma comunidade em Eldorado do Sul. É um projeto que devolve dignidade e será modelo para futuras iniciativas.

E&N – Na sua visão, qual é o futuro do setor imobiliário em cidades em transformação como Porto Alegre?

Melnick – O futuro está na integração. Porto Alegre tem atrativos únicos, como o Guaíba, que começa a ser valorizado. Projetos como a nova Orla, o Pontal, o Iberê e o Embarcadero mostram o potencial urbano e turístico da região. Eldorado do Sul também surge como área de expansão, com foco em novo urbanismo, casas, integração com a natureza e mobilidade ativa. O Guaíba pode se tornar o verdadeiro centro da cidade. É essencial pensar a cidade a longo prazo, para atrair e reter talentos, oferecer qualidade de vida e criar diferenciais frente a outras capitais.

E&N – Por fim: que tipo de legado você gostaria que a Melnick deixasse para Porto Alegre – e para o Brasil?

Melnick Queremos ser lembrados como uma empresa que ajudou a construir uma cidade mais humana, bela e integrada. Projetos como Carlos Gomes Square, Cidade Nilo e Nilo Square refletem essa visão. Investimos em arquitetura de alto padrão, com elementos naturais como concreto, madeira e vidro. Isso inspira o setor e transforma a paisagem urbana. Vemos crescer em Porto Alegre um novo olhar para o design, influenciado também por nossos projetos. Agora, com atuação em São Paulo, Santa Catarina e Paraná, queremos levar esse modelo de desenvolvimento integrado para outras regiões. Nosso legado é ajudar a transformar a forma como as pessoas vivem, trabalham e se relacionam com as cidades.

Fonte Oficial: https://www.jornaldocomercio.com/cadernos/empresas-e-negocios/2025/07/1211295-melnick-traca-estrategias-voltadas-para-as-cidades.html

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