Com o avanço das vendas online e a mudança no comportamento do consumidor, o ponto comercial tradicional — aquele espaço que antes servia apenas para vender produtos ou prestar serviços — tem perdido protagonismo. Mas isso não significa que ele esteja ultrapassado. Muito pelo contrário. Os empreendedores que conseguem transformar seus estabelecimentos físicos em verdadeiros centros de experiências estão conquistando mais clientes, gerando engajamento e criando marcas memoráveis.
A lógica é simples: se o cliente pode comprar de casa com poucos cliques, ele só vai até uma loja ou espaço físico se tiver um bom motivo. Esse motivo pode ser um café oferecido na entrada, um ambiente instagramável, um atendimento acolhedor ou até a possibilidade de experimentar um produto de forma sensorial.
A designer de interiores comerciais Carla Rangel, que atua com redes de varejo e lojas independentes, afirma que a experiência começa antes mesmo do cliente entrar no local. “A fachada comunica. A vitrine atrai. A música, o cheiro, a iluminação — tudo isso forma uma memória emocional. O consumidor atual valoriza o sentir mais do que o possuir.”
Transformar um ponto comercial em um centro de experiências exige repensar o espaço. Lojas de roupas, por exemplo, estão criando áreas para bate-papo, espelhos com iluminação de camarim e até espaços para eventos. Já clínicas e escritórios vêm adotando ambientações que fogem do tradicional e investem em conforto, arte e acolhimento.
Em alguns casos, o ponto físico se torna um ponto de encontro, de aprendizado ou de entretenimento. Cafeterias com oficinas de barismo, pet shops com áreas de recreação, papelarias com ateliês criativos — todos são exemplos de como é possível ir além da função básica de vender e, com isso, fidelizar o cliente.
Segundo Marcos Soares, jornalista do VIP CEO, esse movimento está ligado ao novo valor da presença física. “Hoje, o cliente quer se sentir parte de algo. Quando um ponto comercial oferece uma experiência relevante, ele se torna uma extensão da identidade da marca. Vira conteúdo, vira conversa, vira memória. É uma estratégia que combina branding com venda.”
Outro benefício desse modelo é que ele amplia as possibilidades de faturamento. Um espaço que oferece experiências pode monetizar com eventos, parcerias, cursos, assinaturas ou até venda de conteúdo digital. O ponto físico, nesse contexto, deixa de ser custo fixo e passa a ser ativo de marca.
Mesmo negócios pequenos, com poucos metros quadrados, podem apostar nessa abordagem. O segredo está em conhecer o público, entender seus desejos e desenhar interações que façam sentido. Experiência não depende de orçamento alto — depende de criatividade, escuta e intenção.