Quando uma empresa começa a crescer, surge a necessidade de reforçar a equipe. Mas contratar sem os devidos cuidados pode transformar uma fase de expansão em uma fonte de problemas trabalhistas e financeiros. Para evitar isso, é essencial entender os principais pontos que garantem uma contratação segura – tanto do ponto de vista jurídico quanto do ponto de vista da saúde do caixa.
O primeiro passo está na escolha do regime de contratação. Muitos empreendedores optam por vínculos informais, como freelancers ou prestadores de serviço pessoa física, para economizar com encargos. No entanto, se o profissional prestar serviços com habitualidade, subordinação e pessoalidade, a Justiça pode reconhecer vínculo empregatício, mesmo sem carteira assinada. Isso pode resultar em ações trabalhistas e multas pesadas. A CLT, apesar de mais onerosa, ainda é a forma mais segura de contratar em muitos casos, especialmente para funções permanentes.
Outro erro comum é não prever um contrato bem redigido. Mesmo em contratações temporárias ou terceirizadas, é fundamental detalhar atividades, prazos, obrigações, forma de pagamento e cláusulas de confidencialidade. Um contrato mal estruturado pode não proteger a empresa em situações de conflito, como quebra de acordos ou vazamento de informações estratégicas.
Do ponto de vista financeiro, é importante projetar o custo real de um colaborador. Salário, encargos sociais, benefícios, treinamentos e eventuais passivos trabalhistas devem estar no radar. Muitas empresas contratam com base apenas no salário nominal e descobrem tarde demais que o custo é muito mais alto. Ferramentas simples, como simuladores de custo de pessoal, ajudam a evitar surpresas desagradáveis.
Marcos Soares, jornalista do VIP CEO, destaca que “empresas em fase de crescimento às vezes contratam por impulso, confiando no fluxo de caixa momentâneo. Mas o crescimento sustentável exige responsabilidade. Contratar exige planejamento financeiro e jurídico, ou o risco é engessar a operação com dívidas e processos”.
Além disso, é preciso respeitar a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no processo seletivo. Os currículos armazenados, os dados coletados em entrevistas e as informações sensíveis devem ser tratadas com segurança e consentimento claro do candidato, sob pena de sanções legais.
Também vale lembrar que a contratação de pessoas jurídicas (PJ) exige cuidado redobrado. A relação deve ser de natureza comercial, sem características de vínculo empregatício. Isso inclui liberdade de horários, possibilidade de atuação para outros clientes e ausência de subordinação direta. Qualquer desvio pode descaracterizar a relação contratual e abrir brecha para processos.
Na prática, contratar com segurança é mais do que preencher vagas: é garantir que o crescimento do negócio não venha acompanhado de passivos ocultos.