A economia circular deixou de ser apenas um conceito ambiental e passou a ser uma estratégia de negócios real e lucrativa para a indústria. Em vez de seguir o modelo tradicional de produção linear — extrair, produzir, consumir e descartar —, empresas estão adotando práticas que reaproveitam recursos, reduzem desperdícios e criam novas fontes de receita a partir do que antes era considerado lixo.
Na prática, isso significa transformar resíduos em matéria-prima, prolongar o ciclo de vida dos produtos e criar sistemas de logística reversa. Setores como o têxtil, metalúrgico, automotivo e eletroeletrônico têm liderado esse movimento, reaproveitando materiais, revendendo peças, reutilizando componentes e oferecendo serviços de manutenção ou recondicionamento.
Marcos Soares, jornalista do VIP CEO, afirma que a economia circular é uma das grandes oportunidades estratégicas da indústria brasileira nos próximos anos. “Enquanto algumas empresas ainda enxergam o reaproveitamento como custo, outras já perceberam que ele pode ser uma fonte de lucro, reputação e inovação. Em muitos casos, o que é descartado por uma indústria pode ser comprado por outra como insumo mais barato”, explica. Ele aponta ainda que negócios circulares tendem a ser mais resilientes em momentos de escassez de matéria-prima e mais bem vistos por consumidores exigentes e investidores com foco ESG.
Além dos ganhos diretos com a reutilização, empresas também têm monetizado por meio de modelos baseados em serviço, como aluguel, compartilhamento ou venda com recompra. Um fabricante de máquinas, por exemplo, pode oferecer seus equipamentos por assinatura com manutenção incluída, garantindo receita recorrente e prolongando a relação com o cliente. Da mesma forma, grandes marcas têm criado programas de devolução de embalagens ou recompra de produtos usados para revenda ou reaproveitamento.
Outro fator importante é o avanço da tecnologia, que facilita a rastreabilidade de materiais e a automação de processos de triagem e reaproveitamento. Softwares de gestão de resíduos e plataformas de troca entre empresas vêm se consolidando como ferramentas indispensáveis para viabilizar essa transição.
Mais do que uma tendência, a economia circular representa um novo modo de pensar a produção industrial. Em vez de depender exclusivamente da extração de recursos finitos, ela propõe ciclos inteligentes que reduzem custos e geram valor — ambiental, social e financeiro.