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opção eficiente para descarbonizar grandes centros urbanos


A mobilidade nos grandes centros urbanos demanda soluções que melhorem a fluidez do trânsito, reduzam os trajetos e combatam a poluição atmosférica (Crédito: divulgação)

Por José Goldemberg e Cristiane Cortez*

Não é de hoje que a mobilidade nos grandes centros urbanos demanda soluções que melhorem a fluidez do trânsito, reduzam os trajetos e combatam a poluição atmosférica. Nesse sentido, os ônibus elétricos surgem como uma alternativa eficiente e viável, especialmente por operarem em rotas fixas, com recarga programada nas garagens — o que os torna mais simples de serem implementados do que os automóveis elétricos, os quais exigem uma vasta rede de postos. E em países de dimensões continentais, como o Brasil e os Estados Unidos, isso representa um desafio ainda maior.

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No entanto, é fato que a eletrificação do transporte público tem se mostrado uma das estratégias mais promissoras para, principalmente, reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) nas metrópoles mundiais. Ao redor do mundo, diversas cidades já colhem benefícios dos ônibus elétricos. Londres, Paris e Shenzhen (na China) vêm ampliando frotas como parte de metas climáticas ambiciosas. Na América Latina, Santiago (no Chile) é referência, enquanto Bogotá (na Colômbia) está investindo fortemente nessa direção.

No Brasil, embora ainda incipiente, o setor começa a dar sinais de avanço. De acordo com dados recentes, o emplacamento de ônibus elétricos no País cresceu impressionantes 923% no primeiro bimestre de 2025. É uma mudança de paradigma. Os benefícios em comparação com os ônibus a diesel são evidentes: menos ruídos, menor custo operacional a longo prazo, emissão zero de poluentes locais e, consequentemente, melhor qualidade do ar — o que impacta diretamente a saúde pública. Além disso, o uso de energia elétrica deve ser alinhado com fontes renováveis, contribuindo para a descarbonização da matriz energética do transporte público, geralmente o principal emissor de GEE das cidades. Atenção especial deve ser dada às baterias no fim da vida útil, bem como o fluxo de logística reversa precisa ser desenhado desde o início da operação.

Contudo, a implementação em larga escala ainda lida com contratempos relevantes. Na cidade de São Paulo, principal metrópole nacional que conta com uma frota de mais de 13 mil ônibus, o ritmo de eletrificação está aquém das metas. Embora a capital paulista tenha estabelecido o objetivo de eliminar os ônibus a diesel até 2038, entraves burocráticos, disputas contratuais e falta de infraestrutura adequada de recarga dificultam o avanço. Muitas garagens ainda não estão totalmente preparadas para abrigar a tecnologia necessária, e há um impasse entre empresas operadoras e o Poder Público sobre os investimentos para adaptação — sobretudo obras para adaptação de infraestrutura da carga e da tensão elétrica.

Apesar dos obstáculos, o potencial da eletrificação dos ônibus urbanos no Brasil é enorme. Com planejamento, financiamento e vontade política, é possível transformar o transporte coletivo em um dos protagonistas da transição energética. Apostar nessa solução é investir em cidades mais limpas, silenciosas e sustentáveis. Eis uma agenda que não pode mais esperar.

* José Goldemberg é ex-ministro do Meio Ambiente e presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP; Cristiane Cortez é assessora do mesmo Conselho.

Artigo originalmente publicado no jornal Diário do Comércio em 9 de maio de 2025.

Por José Goldemberg e Cristiane Cortez*Não é de hoje que a mobilidade nos grandes centros urbanos demanda soluções que melhorem a fluidez do trânsito, reduzam os trajetos e combatam a poluição atmosférica. Nesse sentido, os ônibus elétricos surgem como uma alternativa eficiente e viável, especialmente por operarem em rotas fixas, com recarga programada nas garagens — o que os torna mais simples de serem implementados do que os automóveis elétricos, os quais exigem uma vasta rede de postos. E em países de dimensões continentais, como o Brasil e os Estados Unidos, isso representa um desafio ainda maior.No entanto, é fato que a eletrificação do transporte público tem se mostrado uma das estratégias mais promissoras para, principalmente, reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) nas metrópoles mundiais. Ao redor do mundo, diversas cidades já colhem benefícios dos ônibus elétricos. Londres, Paris e Shenzhen (na China) vêm ampliando frotas como parte de metas climáticas ambiciosas. Na América Latina, Santiago (no Chile) é referência, enquanto Bogotá (na Colômbia) está investindo fortemente nessa direção.No Brasil, embora ainda incipiente, o setor começa a dar sinais de avanço. De acordo com dados recentes, o emplacamento de ônibus elétricos no País cresceu impressionantes 923% no primeiro bimestre de 2025. É uma mudança de paradigma. Os benefícios em comparação com os ônibus a diesel são evidentes: menos ruídos, menor custo operacional a longo prazo, emissão zero de poluentes locais e, consequentemente, melhor qualidade do ar — o que impacta diretamente a saúde pública. Além disso, o uso de energia elétrica deve ser alinhado com fontes renováveis, contribuindo para a descarbonização da matriz energética do transporte público, geralmente o principal emissor de GEE das cidades. Atenção especial deve ser dada às baterias no fim da vida útil, bem como o fluxo de logística reversa precisa ser desenhado desde o início da operação.Contudo, a implementação em larga escala ainda lida com contratempos relevantes. Na cidade de São Paulo, principal metrópole nacional que conta com uma frota de mais de 13 mil ônibus, o ritmo de eletrificação está aquém das metas. Embora a capital paulista tenha estabelecido o objetivo de eliminar os ônibus a diesel até 2038, entraves burocráticos, disputas contratuais e falta de infraestrutura adequada de recarga dificultam o avanço. Muitas garagens ainda não estão totalmente preparadas para abrigar a tecnologia necessária, e há um impasse entre empresas operadoras e o Poder Público sobre os investimentos para adaptação — sobretudo obras para adaptação de infraestrutura da carga e da tensão elétrica.Apesar dos obstáculos, o potencial da eletrificação dos ônibus urbanos no Brasil é enorme. Com planejamento, financiamento e vontade política, é possível transformar o transporte coletivo em um dos protagonistas da transição energética. Apostar nessa solução é investir em cidades mais limpas, silenciosas e sustentáveis. Eis uma agenda que não pode mais esperar.[EXIBIR_GALERIA_DA_NOTICIA]* José Goldemberg é ex-ministro do Meio Ambiente e presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP; Cristiane Cortez é assessora do mesmo Conselho.Artigo originalmente publicado no jornal Diário do Comércio em 9 de maio de 2025.

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Fonte Oficial: https://www.fecomercio.com.br/noticia/onibus-eletrico-opcao-eficiente-para-descarbonizar-grandes-centros-urbanos

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