Mesmo no setor de beleza, que tem grande presença de mulheres, a liderança feminina ainda é minoria

Em pleno 2025, a atuação da mulher no mercado de trabalho à frente das decisões e na liderança do seu segmento de atuação ainda vem acompanhada de questionamento de competências, de “desincentivo” financeiro e de muitos desafios corporativos. Infelizmente, a falta de representatividade feminina no ambiente de negócios continua sendo vista como algo natural — por isso, é preciso iniciativas que valorizem o crescimento das profissionais.

A fim de destacar o ponto de vista delas, no mês da mulher, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) entrevista executivas de empresas integrantes dos conselhos da Entidade para a série Mulheres no Mercado.

Nesta segunda entrevista, o bate-papo é com Monica de Sampaio Doria Velloso, diretora de Novos Negócios da Química Anastacio, parceira de longa data do Conselho de Relações Internacionais e da Fecomercio Internacional. Formada em Química com especialização em Cosmetologia, começou a carreira trabalhando com produto e desenvolvimento de matéria-prima em laboratório cosmético, depois decidiu empreender. Por 20 anos, teve uma empresa de representação e distribuição de marcas internacionais de cosméticos e distribuição de marcas nacionais adquiridas. Voltou ao mercado corporativo como executiva da Química Anastacio e está feliz com a decisão.

Como você avalia a representatividade feminina no seu setor de atuação? 

Monica Velloso | O setor de beleza é um dos setores que tem uma grande representatividade feminina. O que ainda falta são mulheres em cargos de liderança — isso ainda não é tão representativo. 

Quais são as mulheres que mais inspiraram você ao longo da sua trajetória profissional e por quê?

Monica | Há algumas mulheres que admiro, mas especialmente tive a oportunidade de trabalhar com uma que admiro muito, Débora Bittencourt, que era CFO da Química Anastacio, onde trabalho hoje. Uma pessoa que batalhou, estudou e se destaca muito por onde passa. Hoje, trabalho com a Camila Fuziama, CPO da Anastacio, que também é uma executiva que admiro muito. O que essas duas mulheres têm em comum é a maneira de liderar e por sempre estarem em busca de conhecimento, mesmo já em posições importantes. 

Você já percebeu dificuldade ou barreira na sua carreira por ser mulher? Se sim, como enfrentou e lidou com a questão? 

Monica | Fui empreendedora e sempre tive sócios homens e confesso que sempre senti que tinha que provar muito mais do que meus colegas para ser ouvida. Hoje, não sinto que passo por isso na empresa em que estou trabalhando. 

Na sua opinião, quais são as características e habilidades femininas que contribuem para ser uma profissional de destaque, valorizada e reconhecida no ambiente de trabalho? 

Monica | Não sou propriamente uma feminista, mas as mulheres têm habilidades diferentes. Conseguimos fazer várias coisas ao mesmo tempo e, quando temos que lidar com situações que não são do dia a dia, conseguimos parar, pensar e analisar antes da tomada de decisão. Nós passamos por isso na nossa vida o tempo todo, e gerenciar a casa e a família nos ajuda nessa hora. 

Na área em que atua ou convive, quais avanços conquistados pelas mulheres você considera mais relevantes? 

Monica | Como falei, o mundo da beleza tem bastante mulher e sinto que o respeito está crescendo. A cada dia que passa, as pessoas se convencem de que as mulheres são capazes de dar conta do recado. 

Quais conselhos você daria para uma profissional iniciante na sua área de atuação? 

Monica | O que eu acho importante dizer é que sempre existirão pessoas que nos desafiarão e nos olharão diferente por sermos mulheres, mas o compromisso e a honestidade sempre vão se sobressair. É preciso também nunca esquecer de ter a sua vida, família e amigos, lembrando que precisamos ser felizes para alcançar nossos objetivos. 

Leia também:  ‘Mulheres no Mercado’: um ponto de vista importante e que faz a diferença