O Campeonato Brasileiro começa no sábado (29) e ainda não temos ideia de quem será o campeão. Mas já há uma certeza: as empresas de apostas dominam as camisas dos principais times do país como nenhum outro setor dominou no passado.
Os 20 clubes que disputam o Brasileirão têm patrocínio de empresas de apostas. Desses, 18 ocupam o espaço principal da camisa. As exceções curiosamente estão no interior paulista, com empresas de bebidas nessas propriedades no Red Bull Bragantino e no Mirassol.
No primeiro ano em que o governo federal implementou a regulamentação das apostas esportivas no Brasil, o investimento em marketing esportivo no Campeonato Brasileiro teve aumento de 62%.
Essas empresas gastaram R$ 600,2 milhões nos clubes em 2024. Neste ano, investem R$ 972 milhões. Mas ainda há expectativa de que esse número supere a marca de R$ 1 bilhão, já que o Santos termina seu contrato com a Blaze em março e espera uma boa valorização após contratar o astro Neymar.
Em um mercado superaquecido, 13 clubes da elite conseguiram ganhos adicionais com seus parceiros de apostas em 2025. Nove deles, que trocaram de patrocinador na área, conquistaram aumento de 100% ou mais na remuneração.
O líder nesse quesito foi o Palmeiras, que trocou o Esportes da Sorte pela Sportingbet, conquistando um aumento de 441% com seu parceiro de apostas e o terceiro maior contrato de patrocínio máster, atrás apenas – e por pouco – de Flamengo e Corinthians.
DISPUTA – Mas o que está por trás desse crescimento exponencial nos investimentos? Está um volume de negócios ainda difícil de estimar. Calcula-se que o Brasil seja hoje o segundo maior mercado de apostas do mundo, atrás apenas da Inglaterra. A Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda autorizou a outorga de 72 licenças, para 70 empresas, que operam 110 marcas no país.
Cada licença custou R$ 30 milhões de taxa de outorga às empresas, que podem operar até três marcas por cinco anos. Ou seja, só com essa tarifa, o governo arrecadou R$ 2,16 bilhões.
Em qual segmento o consumidor tem mais de 100 marcas disputando o mercado? Poucos. É esperado que, nos próximos anos, haja uma concentração maior de empresas, com fusões, aquisições e encerramento de atividades.
O coração e a mente dos consumidores brasileiros estão em disputa. Graças a isso, é o momento em que o esporte aposta na maximização dos lucros. Mas a bolha irá estourar em um ou dois anos. Resta saber se, até lá, o esporte estará preparado para buscar outras formas de receita.
Neste espaço, a partir de hoje, pretendemos trazer opiniões, discussões e análises sobre a indústria do esporte e o marketing esportivo no Brasil e no mundo. Críticas e sugestões, feitas com educação, são sempre bem-vindas!
ADALBERTO LEISTER FILHO
Diretor de conteúdo da Máquina do Esporte, professor de pós-graduação na Cásper Líbero, palestrante e autor de livros. É especialista em marketing esportivo e comunicação estratégica, com passagens por grandes veículos como Folha de S.Paulo, O Globo, Record, CNN Brasil e UOL. Atuou na liderança de equipes e na cobertura de eventos internacionais. Formado em Jornalismo e mestre em História pela USP
Fonte Oficial: https://agenciadcnews.com.br/artigo-por-adalberto-leister-filho-facam-suas-apostas-mas-a-bolha-ira-estourar/