Startups atraem investidores com tecnologia de ponta e inovações

“Se você está fazendo algo que todo mundo concorda, possivelmente isso não é inovador. Se você está fazendo algo diferente, precisa estar ligeiramente exposto ao ridículo — ou ao fracasso”, defende o empresário Emiliano Abad. 

De acordo com ele, a taxa de erro entre as startups é alta — e os investidores sabem disso. Ainda assim, é vantajoso seguir investindo nesses negócios, já que são os principais responsáveis pelas inovações no mercado. 

Em entrevista à Revista Problemas Brasileiros e ao Canal UM BRASIL — ambas realizações da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, Abad fala sobre a cultura da inovação e elenca desafios e oportunidades para as startups. 

A conversa foi gravada durante o Web Summit, realizado em novembro de 2024, na capital portuguesa.

O erro na cultura da inovação

• Sujeitas ao fracasso. Investidores sabem que apostar fichas em jovens e inovadoras empresas sempre pode ser uma jogada arriscada. “Quando você trabalha com startups, qualquer venture capital, qualquer investidor-anjo do primeiro estágio das empresas, sabe que, ao investir ali, está fazendo um fundo. Ele está investindo em mil empresas e só dez vão dar certo”, explica Abad.
• Negócio vantajoso. A possibilidade de fracasso entre as startups é alta, explica Abad. Mesmo assim, vale a pena seguir investindo nesses negócios, porque o acerto, em geral, paga o investimento — e é mais que o suficiente para compensar todos os que deram errado. 
• Erros e acertos. Segundo o empresário, a única maneira de existir um ecossistema em que as pessoas estejam dispostas a arriscar para acertar é tolerar o erro. “Acima de tudo, eu acho que o erro é tolerado quando se executa bem”, afirma. “Mas se há falhas na execução, se não está aprendendo, aí não é necessariamente bem tolerado”, pondera.

Diferenciais de cada mercado

• Brasil. De acordo com Abad, o ambiente brasileiro de startups tem um diferencial: o grande mercado interno consumidor. “São 200 milhões de pessoas. E um ritmo de crescimento ainda muito forte”, avalia. Abad lembra que, apesar dos altos e baixos da economia nacional, em geral, a perspectiva é bem positiva. “Em algumas áreas como Finanças, o Brasil é modelo”, defende. “Além de o Banco Central fornecer uma base muito boa para integrar as coisas, há um ecossistema de fintechs excelente.”
• Portugal. O empresário acredita que os países da Europa — em especial Portugal — se destacam pelo mindset. A nação ibérica não conta com um mercado interno vasto, explica, mas dispõe de um capital humano excelente e, histórica e culturalmente, tende a “olhar mais para fora”. “As startups que surgem em Portugal já nascem pensando em como vão sair para explorar esses novos horizontes: Estados Unidos, Europa ou até mesmo o Brasil”, explica. 
• Estados Unidos. O país norte-americano segue como a principal fronteira para empresas inovadoras. Segundo o empresário, em termos de oportunidade para as empresas que estão inovando, a nação está muito à frente de outros países. “A capacidade que o país tem de ‘catapultar’ empresas pequenas para tamanhos gigantescos é inigualável. É muito diferente do que se tem na Europa e no Brasil”, afirma, ao citar grandes nomes como Meta, Alphabet e Google — todas fundadas há menos de quatro décadas. 

Tecnologia e oportunidades 

• Inteligência Artificial. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, do Ministério das Relações Exteriores, participou, na última terça-feira (11), em Paris, na França, da Cúpula para Ação em Inteligência Artificial (IA) — espaço que envolve debates como governança digital, promoção da integridade da informação e defesa da democracia.
• Trâmites. Enquanto isso, segue em discussão no Congresso um projeto que regulamenta o uso da IA, com normativas para o uso da ferramenta como o aviso ao usuário de que um determinado conteúdo foi produzido pela tecnologia e a obrigatoriedade de supervisão humana em alguns casos. O texto foi aprovado no Senado e aguarda votação na Câmara.
• Produtividade. Abad afirma que as tecnologias que envolvem IA estão se desenvolvendo muito rapidamente e o impacto tem sido enorme, tanto no processo como se constroi um novo produto quanto no produto em si. Ele lembra que empresas e, principalmente, startups podem se beneficiar muito com essa nova dinâmica. Hoje, a maioria dos desenvolvedores está usando a ferramenta para criar e desenvolver suas mercadorias. “O ganho de produtividade é imenso”, conclui.

Assista ao debate na íntegra.