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Por carências educacionais, países da América Latina perdem em produtividade


Segundo William Maloney, enquanto as sociedades na América Latina não conseguem prover educação básica de qualidade, as chances de produzir mais e gerar mais riqueza seguem reduzidas (Crédito: UM BRASIL)

Os países da América Latina têm falhado em prover educação básica à população. Como resultado, as nações perdem em produtividade — o que impõe obstáculos ao desenvolvimento da região.  

É o que avalia William Maloney, economista-chefe para a região da América Latina e do Caribe do Banco Mundial, em entrevista ao Canal UM BRASIL — uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). 

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A conversa faz parte da série especial de debates promovida pelo Canal em Washington D.C.

Gargalos 

  • Produtividade. Segundo Maloney, enquanto as sociedades na América Latina não conseguem prover educação básica de qualidade, as chances de produzir mais e gerar mais riqueza seguem reduzidas. “Se apenas 30% da população têm uma educação decente, diminui-se o potencial de gerar empreendedores ou cientistas para um terço do que poderia ser”, exemplifica.
  • Reorganização. Além de gargalos internos, os países da região vivem entraves externos. Maloney acredita que estamos vivenciando o início de uma reorganização das cadeias produtivas mundiais. “Para os Estados Unidos, optar pela América Latina faria muito sentido: produzir um pouco mais perto, com uma matriz energética bastante limpa e mesmo fuso-horário. Faz sentido para parte das indústrias retornarem à região, mas ainda não estamos vendo isso acontecer”, explica.
  • Atratividade asiática. Nesse novo momento, os Estados Unidos veem outros países como mais atraentes quando se fala em produtividade. É o caso das nações asiáticas. “O custo da mão de obra no Vietnã, por exemplo, é mais barato. Lá, os profissionais têm um nível de educação mais alto. A infraestrutura, em geral, é melhor do que em boa parte da América Latina — onde os impostos são, em média, 9% mais altos do que na Ásia”, explica o economista. A junção desses fatores, aliados a problemas como o crescimento do crime organizado na região, faz com que a região deixe de ser uma “jogada tão óbvia”, nas palavras dele.

Acertos 

  • Avanços econômicos. Maloney avalia que a luta do Brasil e de outros países da América Latina contra a inflação foi uma das mais bem-sucedidas no mundo. “Parte disso se deve ao fato de que o Brasil, o Chile e o México aumentaram as taxas de juros rapidamente, logo que perceberam a inflação voltando. Como resultado, o processo inflacionário, hoje, na região, com exceção da Argentina, está abaixo dos níveis da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)”, explica.
  • Instituições. O economista também traz um olhar sobre os ministérios da Fazenda e dos bancos centrais. Ele avalia que houve uma profissionalização dessas instituições na região e um respeito maior pela constitucionalidade delas. “Apesar de mudanças de partidos políticos no poder — muitos deles bem críticos aos modelos anteriores —, ainda assim, houve respeito ao que foi construído ali”, opina. 

Oportunidades 

  • Green shoring’. Em meio a dilemas, também surgem oportunidades. Para o economista, o Brasil deve aproveitar todo o potencial de uma matriz energética predominantemente limpa. Isso faz do País um território preferencial para o green shoring — ou seja, a realocação de processos produtivos onde seja possível produzir de forma sustentável. “Temos uma tremenda vantagem comparativa. Mas também precisamos trabalhar nos demais quesitos, que nos fazem custosos. Ademais, precisamos garantir a institucionalidade disso”, pontua.
  • Abertura para o mercado. Maloney ainda ressalta que, como temos economias muito fechadas — em vários sentidos, não apenas com tarifas, mas também com dificuldades na circulação de mercadorias —, o País e suas empresas perdem produtividade. Segundo o economista, o Brasil ainda está mais próximo do “modelo mais fechado”. Há, então, uma oportunidade a ser explorada. “O Brasil tem muito talento, uma forte tradição industrial, ótimos profissionais e setores financeiros muito bons. Poderíamos estar mais presentes lá fora”, conclui. 

Assista ao debate na íntegra.

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Fonte Oficial: Portal STF

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