Por André Sacconato*
Como é do conhecimento de todos, atualmente, um grande choque entre duas superpotências globais está transformando as geopolíticas mundiais. Após a queda da União Soviética, em 1989, a expectativa era de um mundo pacífico e sem confrontos. Infelizmente, essa percepção mudou com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001.
À época, o país asiático desempenhava um papel conveniente para o Ocidente, exportando vastos volumes de produtos, principalmente para os Estados Unidos.
Essa conjuntura permitiu uma política monetária estadunidense mais flexível, sem gerar inflação relevante. Assim, trilhões de dólares injetados na economia foram absorvidos por uma expansão monumental das fronteiras de produção mundial a custos muito baixos.
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Simultaneamente, a China, para equilibrar o colossal déficit comercial norte-americano, tornou-se um grande comprador de produtos financeiros do país ocidental, tanto do governo quanto do setor privado. Esse arranjo momentâneo resultou na acumulação, pelos Estados Unidos, da maior reserva internacional do mundo. No entanto, toda essa dinâmica começou a mudar, especialmente após a invasão russa na Ucrânia.
O bloqueio dos treasuries em posse dos russos como punição instigou a China a uma massiva venda desses títulos, evidenciando a vulnerabilidade da sua posição diante do governo norte-americano. Essa reação ilustra o rompimento do vínculo que caracterizava as relações entre as duas potências, como mencionado anteriormente.
O governo de Xi Jinping, mais socialista e menos aberto, encontra um Ocidente receoso do poderio chinês, buscando conter o avanço do gigante asiático em diversas frentes.
E esse desentendimento entre essas potências parece ser duradouro. Apesar de reuniões entre líderes, o cenário indica uma intensificação das hostilidades, tanto em termos econômicos quanto militares.
Aqui, vale ressaltar que essa batalha não é exclusivamente estadunidense; muitos países democráticos do Oriente também estão engajados em conter a expansão chinesa. O Quad (do inglês Quadrilateral Security Dialogue), uma aliança composta por Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia, exemplifica esse realinhamento estratégico.
O novo século delineia um mundo dividido, com cadeias produtivas mais fragmentadas e custos mais elevados, marcando um novo paradigma global.
*André Sacconato é economista, consultor da FecomercioSP e integrante do CEEP.
Artigo originalmente publicado no Portal Contábeis em 28 de dezembro de 2023.
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Fonte Oficial: FecomercioSP