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No que diz respeito à demanda, o indicador que mais preocupa é o dos investimentos, que, mais uma vez, decepcionou
(Arte: TUTU)

Por André Sacconato*

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Produto Interno Bruto (PIB) trimestral nacional. O número surpreendeu positivamente em todos os aspectos: o crescimento entre o primeiro e o segundo trimestres foi de 0,9%, muito acima das perspectivas do mercado, que estavam em torno de 0,3%. Com isso, em quatro trimestres, o nível aumentou em 3,2%, ao passo que, no primeiro trimestre, o PIB já subiu 3,7%. Esse resultado provoca mudanças nas projeções dos agentes econômicos, que, agora, variam entre 2,6% e 3%, representando um salto considerável em relação aos 2% previstos até o mês passado.

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Ao analisar esses dados, é possível destacar números positivos no setor de Serviços, que cresceu 0,6% mesmo partindo de um patamar já elevado. Esse aumento se deve, em parte, à clara melhoria do mercado de trabalho e, em parte, aos programas sociais que permitem às famílias de baixa renda consumir alimentos básicos, classificados no segmento de serviços no cálculo do produto interno bruto. Para se ter uma ideia, dos R$ 2,7 trilhões de acréscimo no PIB trimestral, R$ 1,6 trilhão vem dos serviços (um dado relevante quando se pensa na Reforma Tributária, que poderá afetar o setor, mas isso é assunto para outro artigo).

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A grande surpresa, no entanto, foi o crescimento da Indústria, que registrou um aumento de 0,9%. Esse número foi impulsionado em grande parte pelos subsídios governamentais ao segmento de automóveis, que podem ser revertidos no resultado do terceiro trimestre. Na comparação, o setor contribuiu com R$ 541 bilhões para o PIB no período. Já o setor Agropecuário, depois de ser o responsável por todo desenvolvimento do primeiro trimestre, não manteve boa parte desse desempenho, apontando queda de 0,9% e contribuindo com R$ 214 bilhões.

No que diz respeito à demanda, o indicador que mais preocupa é o dos investimentos, que, mais uma vez, decepcionou. Ao considerar a formação bruta de capital fixo, que engloba investimentos e formação de estoque, houve praticamente nenhum acréscimo: apenas 0,1%. Esse número não seria tão alarmante não fosse o fato de que o investimento em relação ao PIB caiu de 18,3% para 17,2% em um ano — mesmo frente a uma boa performance do comércio exterior, com expansão nas exportações de 12,1% e de 2,1% nas importações.

Essa situação pode ser negativa por duas razões. Primeiro, parece que os empresários ainda não têm confiança quanto aos rumos da economia, em decorrência dos riscos percebidos em questões microeconômicas, como marcos regulatórios.

Em segundo lugar, há incertezas relacionadas à responsabilidade fiscal de parte da equipe do governo. Se as empresas não estão investindo hoje, isso pode resultar em ausência de expansão em períodos subsequentes, afetando negativamente o mercado laboral e a renda. Portanto, esses dados, antes de indicar algo positivo sobre o PIB atual, sinalizam mais problemas potenciais no que diz respeito às perspectivas futuras desse indicador e das variáveis sociais.

É urgente que o governo sinalize um plano que reforce o compromisso com a responsabilidade fiscal e com uma regulamentação que ofereça ao setor privado a segurança necessária para investir. Caso contrário, estaremos fadados, mais uma vez, à estagnação.

*André Sacconato é economista, consultor da FecomercioSP e integrante do CEEP.
Artigo originalmente publicado no Portal Contábeis em 7 de setembro de 2023.

Saiba mais sobre o Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP).

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Fonte Oficial: FecomercioSP

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