A ideia de que somente grandes empresas conseguem lidar com ESG é falsa, o empresário argumenta (Arte: TUTU)
Cada vez mais, marcas e negócios terão que demonstrar atitudes e boas-práticas voltadas à agenda ESG, ações que vão além do discurso, de uma comunicação nas redes ou de materiais que apenas indiquem as intenções da empresa. “Já não basta falar, tem que mostrar. O público está cansado de storytelling e do excesso de diálogo e discurso. Os varejistas precisam expressar e serem percebidos como coerentes com a sustentabilidade e com práticas sociais”, afirma Estevan Sartoreli, CEO e fundador da Dengo Chocolates e membro do Comitê ESG da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Há planos e relatórios em excesso sobre o tema, mas pouca coisa prática, ele comenta.
Em reunião com os demais membros do comitê, ele apresentou o Guia de orientação para encantar clientes com práticas ESG, com o objetivo de compartilhar a experiência bem-sucedida da Dengo. A empresa fabrica e comercializa chocolates, num processo que envolve uma rede apoiadora da agricultura consciente, formada por pequenos e médios produtores de cacau e grãos de café de alta qualidade.
Algumas orientações são de grande utilidade para os pequenos empresários que ainda têm receio dos custos ou da dificuldade de avançar com ações ambientais e sociais. Confira a seguir.
Mitos e verdades sobre ESG
A ideia de que somente grandes empresas conseguem lidar com ESG é falsa. É mais fácil para um pequeno empresário realizar tais mudanças para a transição socioambiental do que para as grandes corporações.
A redução nos lucros também é algo que não ocorre. Práticas ESG aumentam a percepção de valor para produtos sustentáveis e isso permite a ampliação dos ganhos. Várias escolhas sustentáveis, inclusive, são mais baratas, tal como as mercearias a granel.
Outra ideia que não se firma é a de que pagar mais para fornecedores e para os atendentes de loja irá comprometer a rentabilidade. Maior remuneração gera retenção, diminui a taxa de rotatividade e os custos de treinamento. “Isso também ajuda a melhorar a rentabilidade e a performance em vendas”, Sartoreli reforça.
Outro mito é de que ESG é difícil. Na realidade, trata-se de olhar para a produção e para o negócio buscando sempre as escolhas que realmente demonstrem o compromisso. “Quando olhamos o mundo com a lente ESG, isso faz com que o negócio se reoxigene, que as pessoas se engajem e que as mudanças graduais ocorram.”
Desmistificando o ESG
O que seria, na prática, fazer as escolhas para o negócio olhando para os avanços que ocorrem no mundo? Sartoreli apresentou um passo a passo que pode auxiliar as empresas que queiram se engajar com o desenvolvimento sustentável e adotar aos poucos as ações mais reconhecidas. Confira:
– conhecer os objetivos do desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), bem como suas metas;
– familiarizar-se com os princípios do pacto global da ONU;
– dentre os 10 princípios do pacto, o ideal é que escolha poucas metas, relacionadas à atividade econômica (esta é a etapa mais importante; o ideal é escolher até três compromissos do pacto global);
– para estes poucos objetivos escolhidos, estabelecer poucos indicadores e metas de acompanhamento (não é necessário criar um “painel de controle”, a simplicidade é essencial);
– atue com intensidade em uma (ou mais) práticas e comunique as pequenas mudanças que sua empresa tem feito. A ideia do ESG não é falar que seu negócio está realizando todas as transformações que o mundo pede; escolha poucas e boas metas que estejam alinhadas com seu negócio, defina o que fará e, então, ponha em prática;
– comunique os compromissos do negócio;
– monitore o impacto (não é o mesmo que monitorar resultado no negócio). Isso está relacionado a alguma métrica socioambiental vinculada aos desafios do planeta (às metas que você escolheu do pacto global, por exemplo).
“A prática é a nossa verdade. O principal momento de verdade do nosso consumidor é aquilo que exercitamos no dia a dia do negócio; seja no contato com o seu vendedor e na experimentação ou uso do seu produto; no pouco que você mencione nas redes-sociais, mas que reverberem em atitudes e ações”, Sartoreli complementou.
Conheça mais do case da Dengo:
ESG: as lições de empresas que investem em sustentabilidade e responsabilidade social
Varejo “com causas” e valorização do humano são fundamentais para os negócios que querem sobreviver
Inscreva-se para receber a newsletter e conteúdos relacionados
Fonte Oficial: FecomercioSP