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países ainda dão pouca atenção à sustentabilidade – FecomercioSP

Pequenas empresas de turismo podem incorporar algumas ações que não se traduzam em custos, mas em economia (Arte: TUTU)

Em reunião no fim de agosto, o Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) apresentou, às empresas integrantes, um extenso levantamento internacional sobre a deficiência (ou ausência) das políticas sustentáveis voltadas ao turismo em programas de governo de vários países. 

Segundo os dados apontados, das políticas de sustentabilidade no turismo de 101 nações, cerca de 45% fazem apenas uma referência superficial ao tema, ao passo que pouquíssimas citam dados reais sobre o uso (in)sustentável dos recursos naturais disponíveis – conforme explicou Xavier Font, pesquisador e professor da Universidade de Surrey (Reino Unido), que fez a apresentação do levantamento, durante a reunião do conselho.  

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“Somente 55% dessas nações avaliadas dedicaram mais do que um parágrafo para tratar de sustentabilidade nos programas. Estas estratégias, geralmente, demandam em torno de cem páginas ou mais; apenas 2% delas oferecem números e objetivos tangíveis. Todos dizem que sustentabilidade é importante, mas, na prática, as ações não demonstram isso”, ponderou Font. A mesma falta de empenho afeta associações de comércio de viagens no mundo todo: apenas 1 de 62 delas conta com um programa com valores orientativos de sustentabilidade definidos e claros às empresas-membros. 

Outro problema grave que Font apontou, e que tem sido alertado pelo Comitê ESG da FecomercioSP já há algum tempo, é o greenwashing – uso de imagens e palavras vagas, selos e certificados sem comprovação que passam a impressão errônea de serem “verdes”. Font ressaltou que 25% do conteúdo que grandes companhias do setor, no mundo, comunicam não são reais. Por outro lado, 70% do que é feito por grandes corporações hoteleiras nem sequer são reportados aos stakeholders ou comunicados aos consumidores, de forma que estes ainda carregam a impressão errada de que produtos e serviços sustentáveis sejam mais caros. 

“Muitas das publicações aos investidores não refletem o que se espera da empresa, pois não apontam as condições laborais, a possibilidade de progressão de carreira para mulheres, entre outras coisas. Muitas apenas falam de filantropia e doações”, complementou o professor, o que seria um erro, na sua avaliação, já que as estratégias das empresas acerca de B2B (“negócio a negócio”) e B2C (“negócio a cliente”) precisam ser distintas. 

O Comitê ESG da FecomercioSP tem atuado para que boas práticas sejam amplamente inseridas nas empresas, sejam essas de governança, sejam de combate à discriminação nas relações de consumo

Como promover avanços reais no turismo  

Em relação às soluções do ponto de vista governamental, Font pontuou que o ideal seria buscar uma redução dos custos social e ambiental por turista, bem como a certificação de empresas que realizem práticas comprovadamente sustentáveis; o aumento do gasto de viajantes com produtos que beneficiem os locais; a promoção de pequenos negócios que empreguem minorias e grupos sociais desavantajados; a produção baseada na sazonalidade; a redução da geração de carbono por transporte; entre outros pontos. “Além disso, deveríamos medir não apenas quanto o turista gastou na viagem, mas o impacto multiplicador dele na economia local”, esclareceu. 

Já do ponto de vista empresarial, o professor orientou que uma das melhores estratégias passa por comunicar aos consumidor a importância da adoção de práticas sustentáveis – com placas nos ambientes abertos sobre geração de lixo e cigarros no chão, informes em copos descartáveis explicando o motivo de aquele material ser reciclável, placas nos chuveiros que orientem o uso consciente da água e cartazes nos restaurantes esclarecendo que os produtores também estão preocupados com a origem dos alimentos e com o tratamento humanizado aos animais.  

“A forma como fazemos a comunicação é muito importante. Se você simplesmente diz ao visitante para reutilizar as toalhas, pois isso salvará o planeta, não surpreenderia se ele não respondesse bem. Há formas mais criativas e persuasivas de comunicar”, afirmou Font. Para tanto, vale adotar uma linha mais amigável, honesta e bem-humorada de concretizar o engajamento. 

ESG para pequenas empresas de turismo  

Durante o encontro, Cassio Garkalns, da GKS Consultoria, detalhou as formas de pequenas empresas incorporarem métricas ESG concretas no negócio. Segundo ele, é essencial considerar que, diante da atual situação climática no mundo – e, mais recentemente, do calor extremo na Europa –, os consumidores estão reconhecendo, valorizando e dispostos a escolher serviços e produtos mais coerentes com os princípios sustentáveis. Assim, o movimento ESG possibilita aos negócios a adoção de métricas, ainda que isso necessite de uma estratégia de negócio para “parar em pé”. 

Desta forma, pequenas empresas de turismo podem incorporar algumas ações que não se traduzam em custos, mas em economia, como implementar uma gestão automática de iluminação dos ambientes, reduzir o vazamento de água e optar pela população local na hora de contratar para uma vaga de emprego.  

“Quando se olha pelo aspecto da demanda, a redução do custo dos produtos sustentáveis gera uma percepção nos clientes de que estão sendo mais conscientes – e eles compartilham isso nas redes sociais. Há um jogo de ‘fazer porque é certo, porque é justo, porque é preciso e porque se ganha com isso’, seja o consumidor, seja o negócio”, Garkalns ressaltou.  

Veja, a seguir, as orientações da GKS Consultoria sobre algumas métricas básicas. 

Carbono: avaliar a emissão de carbono do negócio, criar meta para redução e implementá-la ao longo de alguns anos. 

Resíduos sólidos: analisar a quantidade gerada de resíduos sólidos, como estes são destinados, criar plano para redução e para melhores descarte e coleta – e implementá-lo. 

Água e energia: examinar o uso e o desperdício de água/energia para, então, criar plano com metas e formas de implementação.  

Aspecto social: observar a qualificação e a valorização dos funcionários, bem como o modo como a empresa trabalha com a comunidade em seu entorno. 

Governança: estudar o universo de colaboradores empresa, além de pesquisar a viabilidade de uma política de ampliação de diversidade e inclusão. 

“O método é ‘começar simples e pequeno’, pois já é difícil evidenciar resultado com isso. Se a empresa não possui uma política de inclusão e passa a tê-la, já é um passo importante. A política, então, precisa ser implementada aos poucos para que esta agregue valor, sem que isso fuja do negócio ou se transforme em um problema. A ideia é amadurecer, gerar menos impacto negativo e atuar de forma mais responsável”, Cassio Garkalns complementou. 

Lembrando que temos um checklist com ações ESG de baixo custo que podem auxiliá-lo(a) na implementação do seu plano. 

 Saiba mais sobre o Conselho de Turismo aqui.

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Fonte Oficial: FecomercioSP

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