Dados apontam que, na primeira metade do ano, a economia brasileira teve um desempenho melhor do que o esperado. Contudo, como o desemprego e a inflação permanecem em níveis elevados, pôr o País na rota do crescimento sustentável ainda deve ser o principal tema do pleito presidencial deste ano, em detrimento, por exemplo, de pautas de costumes.
Estas são algumas observações feitas pelos membros do Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), na edição de agosto do podcast do colegiado.
No primeiro bloco, o economista Antonio Lanzana, copresidente do CEEP, destaca que os indicadores econômicos superaram as expectativas no primeiro semestre. No entanto, para os próximos meses e, sobretudo, 2023, permanece o cenário de incerteza.
Segundo Lanzana, até aqui, o desempenho satisfatório da economia se deve a fatores como transferências governamentais, alta das exportações, saques da caderneta de poupança, aumento do endividamento do consumidor e retomada do setor de serviços.
“Um ponto que preocupa é um certo artificialismo desse crescimento. Como a economia sempre corrige intervenções, as previsões para o PIB [Produto Interno Bruto] do próximo ano vêm sendo sistematicamente reduzidas, com algumas instituições já trabalhando com números negativos”, sinaliza o economista.
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No segundo bloco, o sociólogo Paulo Delgado, também copresidente do CEEP, define a eleição presidencial, tendo em vista a polarização entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, como uma disputa “entre o flashback [experiência já vivida] e o up to date [o mais recente]”.
Além disso, o cientista político aponta que, em razão das dificuldades econômicas, como o nível elevado de desemprego, os temas tradicionais devem dominar as campanhas.
“Dificilmente as questões de costumes, que terão um papel importante, conseguirão prevalecer sobre as questões essenciais de emprego, renda, educação, saúde, segurança [pública] e segurança alimentar”, avalia.
Alta dos juros nos Estados Unidos
Com foco no cenário internacional, o economista André Sacconato, no terceiro e último bloco, afirma que o “Fed [Federal Reserve, o banco central norte-americano] errou o timing [momento mais adequado] da subida de juros”. Isso pode gerar consequências para a economia brasileira mais à frente.
“Provavelmente, por ter titubeado no começo, o Fed terá de atingir uma taxa de juros mais alta lá na ponta – e essa taxa de juros mais alta tem uma influência muito pesada nas economias emergentes, incluindo o Brasil”, pontua Sacconato.
Como os Estados Unidos enfrentam o processo inflacionário mais acentuado dos últimos 40 anos, o economista acredita que o Brasil deve sentir mais os efeitos dos juros no comércio exterior do que na taxa de câmbio.
“O desaquecimento da economia norte-americana pode gerar ‘fissuras’ nas exportações brasileiras”, alerta.
Além destes assuntos, os integrantes do CEEP comentam, nesta edição do podcast, os seguintes temas: a reversão da inflação no Brasil, a concessão de aeroportos à iniciativa privada, os planos de governo dos principais candidatos à Presidência da República, o simbolismo do bicentenário da Independência do Brasil, as fragilidades da economia chinesa, um potencial confronto entre China e Taiwan e a expectativa de recessão na Europa.
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Fonte Oficial: FecomercioSP