Atualmente, há 839 startups do setor ativas no Brasil
(Arte: TUTU)
Apesar das incertezas e dos efeitos negativos da pandemia sobre a economia, nos últimos meses, muitas pessoas aproveitaram as baixas taxas de juros para comprar um imóvel. Isso ocorreu por motivos variados: sair do aluguel, migração de investimentos da renda fixa para a imobiliária, aquisição de casa no interior ou no litoral para descanso, etc. No período recente, a inflação elevada começa a estimular a compra para defesa do patrimônio por meio de ativos reais.
Neste contexto, o mercado imobiliário da capital paulista encerrou o primeiro semestre de 2021 com recordes de lançamentos e vendas, o melhor resultado da série histórica, iniciada em 2004, de acordo com a Pesquisa do Mercado Imobiliário (PMI), elaborada pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP). Em junho, 6.837 unidades residenciais novas foram comercializadas na cidade, altas de 16,2% em relação a maio e de quase 130% em relação ao mesmo período do ano passado.
Fatores como mercado aquecido, perspectivas favoráveis para os próximos anos e desafios de se concluir o processo de venda ou locação dos imóveis diante da necessidade de isolamento social criaram um ambiente favorável para o crescimento das startups atuantes no setor, as chamadas “proptechs” e “construtechs”.
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De acordo com o Mapa das Construtechs e das Proptechs Brasil, elaborado pela empresa de venture capital Terracota Ventures, são 839 startups do setor ativas no Brasil em 2021, uma alta de 19,3% em comparação ao ano passado. Se considerarmos os últimos 5 anos, o crescimento é de 235%.
O ecossistema de startups destes setores está dividido em quatro categorias. Confira a seguir.
Projeto e viabilidade, que engloba temas como burocracia pública; crowdfunding; inteligência de mercado; mapeamento; projeto; loteamentos; smart city; e terrenos.
Construção, que inclui serviços como gestão de obras; gestão de documentos; gestão pós-obra; maquinário e materiais; materiais de construção; mão de obra; métodos construtivos; sustentabilidade; entre outros.
Aquisição, que se subdivide em agenciamento de imóveis; documentação e jurídico; inteligência imobiliária; valuation de imóveis; seguro; e vistoria de imóveis.
Propriedades em uso, que abrange reformas; decoração; prestadores de serviço; smart home; compartilhamento de espaços; facilities; logística; entre outros serviços.
As construtechs estão localizadas nas duas primeiras categorias, ou seja, são startups que oferecem serviços, ferramentas e soluções inovadoras para empresas do setor de construção civil, tais como construtoras, incorporadoras, empreiteiras, empresas de arquitetura e projetos, indústria fornecedora de matéria-prima, etc. – atuando dentro e fora do canteiro de obras. Além do aumento da produtividade resultante de um melhor gerenciamento dos processos e das inovações no método construtivo, reduzindo o tempo da obra, as construtechs também têm o propósito de reduzir o desperdício de materiais e dar a destinação correta aos resíduos.
Um exemplo de construtech é a Gero, uma espécie de engenheiro virtual especializado na simulação de obras de prédios residenciais e comerciais com mais de sete pavimentos, auxiliando os profissionais da construção a projetar custos e prazos do projeto, além de mostrar um fluxo de caixa mensal com os desembolsos necessários ao longo da obra, evitando, assim, atrasos no cronograma.
Outro caso de sucesso é a Ambar Tech, startup que atua em duas frentes: a da industrialização, oferecendo componentes inovadores para instalações de infraestrutura elétrica, hidráulica e climatização e, assim, aumentando a produtividade e reduzindo erros, custos e retrabalho pós-obra; e a da digitalização, que oferece uma plataforma para o gerenciamento do projeto, bem como um marketplace que conecta a cadeia de suprimentos ao campo de obras.
Já as proptechs se enquadram nas duas últimas categorias, ou seja, atuam no mercado imobiliário, nas operações de compra e venda e em propriedades já em uso. Portanto, não participam do campo de obras. Para oferecer serviços de qualidade e conveniência aos clientes, essas startups utilizam tecnologias como blockchain, Inteligência Artificial (IA), realidade virtual e Internet das Coisas (IdC).
Uma das proptechs mais conhecidas do Brasil é a Quinto Andar, a maior imobiliária digital da América Latina, avaliada em cerca de US$ 5 bilhões, que, nos últimos meses, expandiu suas operações (antes, focadas nas capitais) para cidades do interior do Brasil. A empresa planeja sua internacionalização, que deve começar pela Cidade do México. Na Quinto Andar, todo o processo de aluguel e venda é feito de maneira online, de maneira rápida e segura, com vantagens tanto para o inquilino (que não necessita de fiador) quanto para o proprietário – ao garantir o depósito do valor até o dia 12 de cada mês e cobrir danos de até R$ 50 mil não corrigidos pelo inquilino ao fim do contrato.
Outro exemplo de proptech é a Fix, que conecta clientes e prestadores de serviços para reparos domésticos, como elétricos, hidráulicos, pintura, etc. A empresa tem cerca de 30 mil prestadores cadastrados, atende a 5 cidades (Belo Horizonte, São Paulo, Campinas, Curitiba e Porto Alegre) e tem planos de se expandir para mais cidades.
A expectativa é que o faturamento da startup, em 2021, seja sete vezes maior do que o do ano passado, alcançando R$ 41,7 milhões. Sobre o funcionamento da plataforma, o cliente seleciona o tipo de serviço e insere o problema que precisa ser resolvido (o que pode ser feito por meio de foto, áudio, vídeo, texto e PDF) e seleciona três datas e horários para execução da atividade. Em poucos minutos, ele recebe o orçamento e as avaliações do prestador de serviço para, então, concluir a contratação.
O setor de imobiliário é extenso, com um vasto campo de oportunidades para empreendedores. Em um cenário de juros mais baixos, deve seguir aquecido nos próximos anos. Um ponto que chama a atenção é que muitas das proptechs e construtechs atuam em poucas cidades concentradas nas regiões Sul e Sudeste, abrindo oportunidades para oferta de serviços similares em outras regiões do País.
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Fonte Oficial: FecomercioSP