Não há risco de desabastecimento severo, pontua a FecomercioSP
(Arte: TUTU)
A FecomercioSP consultou empresas, sindicatos e associações setoriais para entender se realmente está ocorrendo uma crise de desabastecimento em alguns setores da economia. A conclusão da Federação, com base no diálogo, é que não há um desabastecimento estrutural e generalizado. O que esses setores estão enfrentando é uma mistura de abastecimento irregular, com mudanças no mix de produtos de alguns segmentos.
Em razão da pandemia, indústrias e fornecedores de matéria-prima e de embalagens ficaram fechados durantes alguns meses, ou operando abaixo da capacidade máxima. Isso gerou atrasos na cadeia de abastecimento, sobretudo quanto a materiais de construção e de autopeças.
Houve ainda problemas de importação nos primeiros meses do ano, principalmente de produtos e insumos que venham da China ou do Sudeste Asiático (como partes de materiais eletrônicos e autopeças). Adicionalmente, o câmbio desvalorizado encareceu as importações e mudou o planejamento de compras das empresas e dos consumidores.
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Além disso, alguns setores tiveram um aumento de demanda repentina (como os de materiais de construção e de produtos básicos em supermercados). As empresas ajustaram os pedidos aos fornecedores frente a essa expansão das compras dos consumidores – mas há um espaço de tempo até que os estoques consigam equilibrar a nova demanda.
Por enquanto, não há desabastecimento generalizado (apenas de alguns insumos), mas isso é localizado e eventual, e somente em algumas lojas. Para atender a essa demanda reprimida, a indústria está se reorganizando – ajustando a produção, buscando novos fornecedores, mudando o mix de produtos, etc. –, de forma que a situação atual seja apenas de abastecimento irregular. Isso deve ser normalizado nas próximas semanas ou meses. De modo geral, não há risco de desabastecimento severo, pontua a FecomercioSP.
Índice de estoques
Segundo o Índice de Estoques (IE) do varejo da capital paulista, indicador da FecomercioSP, a restrição a diversas atividades econômicas fez com que o porcentual de empresários com estoques adequados caísse de 59% para 46,7% entre abril e setembro. Isso ocorreu em decorrência do excesso de mercadorias estocadas. Os estoques excessivos saltaram de 25,9%, em abril, para 37,7%, em setembro.
Em julho, o nível de estoques abaixo do adequado, ou seja, a parcela de empresários que declarou ter falta de produtos nas prateleiras, foi de 17,5%, o maior patamar da série histórica, iniciada em março de 2011. De qualquer forma, os números corroboram com o entendimento da Federação.
Vendas acima do esperado
Nos últimos meses, uma parcela do comércio varejista registrou vendas acima do esperado. A indústria foi surpreendida com o alto volume de pedidos para recomposição dos estoques. A Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), elaborada mensalmente pela FecomercioSP com base em dados da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP), revela que o faturamento real da atividade de materiais de construção paulista, por exemplo, avançou 25,7% em julho, em relação ao mesmo período de 2019.
As receitas das lojas de eletrodomésticos e eletrônicos cresceram 17,1%, e de autopeças e acessórios, 9,6%.Como explicado, fatores como maior demanda e dificuldade na obtenção de matéria-prima ocasionaram um aumento de preços para a indústria entre junho e julho. Isso ocorreu tanto pela alta do dólar quanto pela paralisação de algumas cadeias produtivas em determinados países. Confira, a seguir, os segmentos mais afetados.
▸ As atividades de autopeças e de eletrônicos, esta última fortemente dependente de componentes vindos da China.
▸ Os comércios de PVC, de tijolos e de alumínio, que também registraram problemas de abastecimento. O setor de cimentos não enfrentou este transtorno, mas os preços subiram cerca de 40% no mercado interno.
▸ O comércio de materiais de construção registrou problemas de abastecimento de cobre, já que o Chile, um dos maiores fornecedores mundiais do produto, fechou suas minas. A indústria brasileira de fios elétricos chegou a recusar novas encomendas.
Fonte Oficial: FecomercioSP