Estudo indica que, sem o auxílio emergencial, vendas no varejo cairiam 14,6% em 2020
(Arte/Tutu)
O comércio varejista brasileiro deve registrar queda de 7,7% em 2020, de acordo com projeção da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Em números absolutos, o prejuízo é estimado em R$ 170,1 bilhões. Os setores que tiveram as operações restringidas, como forma de conter a proliferação do coronavírus, devem responder por 92% da baixa nas vendas.
Além disso, no decorrer do ano, 202.744 estabelecimentos varejistas devem fechar as portas, dos quais 196.989 são Micros, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs). Com isso, o número de pessoal ocupado no setor deve ser reduzido em 979.206 em 2020.
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As estimativas foram feitas com base nos dados apurados de janeiro a junho deste ano pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e pela Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), organizada pela Federação, levando em conta o pagamento do auxílio emergencial até o mês de setembro – embora prorrogado até o fim do ano pela Medida Provisória (MP) 1.000/2020, a extensão do benefício, no valor de R$ 300, ainda deve ser avaliada pelo Congresso Nacional.
Sem a injeção do auxílio emergencial, a análise indica que as vendas no varejo despencariam 14,6% neste ano em todo o País.
De todo modo, a projeção de queda de 7,7% se deve ao aumento acima do esperado da taxa de desemprego, que atingiu 12,4% em junho. Em consequência disso, além da queda na renda das famílias, espera-se um menor aporte no décimo terceiro salário, o que prejudica o varejo no quarto trimestre, período responsável por 30% das vendas.
A análise aponta que 53% do prejuízo estimado para o ano (R$ 90,1 bilhões) foram registrados no primeiro trimestre. Com isso, apesar da reabertura gradual dos estabelecimentos comerciais, a baixa no segundo semestre ainda será considerável (R$ 80 bilhões), correspondendo a 47% do total, em decorrência do aumento do desemprego, da apreensão dos consumidores para circular nos centros comerciais e do baixo nível de confiança na economia.
De acordo com o levantamento, as atividades restringidas pela pandemia devem cair 22,6% em 2020, enquanto a baixa nos setores essenciais será bem mais branda (-0,8%). Além disso, estima-se que apenas supermercados e farmácias cresçam neste ano. Sem a expansão destes segmentos, o prejuízo total do varejo poderia chegar a R$ 243 bilhões.
Estado de São Paulo
O estudo também traz estimativas para o varejo no Estado de São Paulo e na capital paulista. O comércio varejista paulista deve cair 3,7% em 2020, com prejuízo de R$ 27,8 bilhões. Vale notar que, diferentemente da projeção nacional, o prejuízo no varejo estadual deve ser maior no segundo semestre (59%).
A estimativa negativa se deve exclusivamente às atividades que tiveram suas operações limitadas pela pandemia, cuja perda deve somar R$ 34,1 bilhões. Já as atividades essenciais, por outro lado, devem ter um aumento de R$ 6,2 bilhões no faturamento em relação a 2019.
No Estado de São Paulo, além dos supermercados, cujo desempenho em 2020 deve chegar a R$ 11,6 bilhões, somente as farmácias e as lojas de materiais de construção devem registrar resultados positivos.
O varejo paulista, no entanto, deve perder 64.155 empresas e ver o número de pessoal ocupado cair 393.150 em 2020.
Capital paulista
Em termos relativos, o impacto da pandemia no varejo da capital paulista pode ser mais profundo do que no Estado de São Paulo. As vendas devem amargar uma queda de 7% na maior cidade do País. O prejuízo é estimado em R$ 16 bilhões, dos quais 98% se referem aos segmentos restringidos pela pandemia. Não fosse pelos resultados positivos de supermercados e farmácias, a perda poderia chegar a R$ 19 bilhões.
Na capital, o pior momento já passou, uma vez que o primeiro semestre concentrou 64% do prejuízo estimado para 2020. Isso se deve ao fato de a cidade de São Paulo ter sido o epicentro da primeira fase da pandemia no País, o que exigiu, de forma contundente, isolamento social e interrupção temporária dos atendimentos presenciais no varejo não essencial.
Estima-se que 16.742 estabelecimentos varejistas fechem as portas na capital paulista em 2020. A redução no número de pessoal ocupado deve chegar a 128.997.
Análise geral
O auxílio emergencial foi e será fator importante para mitigar uma queda mais profunda nas vendas do varejo, mas não suficiente para impedir que, neste ano, o setor registre uma das maiores contrações no faturamento anual, com fechamento de mais de 200 mil estabelecimentos e redução de quase 1 milhão de empregos em todo o País.
No entanto, o quarto trimestre, período mais forte de vendas no comércio, será decisivo para o resultado geral do varejo, de modo que a continuidade do benefício emergencial se mostra fundamental para atenuar os prejuízos decorrentes da pandemia de coronavírus.
Fonte Oficial: FecomercioSP