Os 69 municípios de maiores PIBs representavam, em 2017, cerca de metade do total do Produto Interno Bruto nacional (PIB, soma de todos os produtos e serviços fabricados no país) e pouco mais de um terço da população brasileira. É o que revela o Boletim PIB dos Municípios 2017, divulgado hoje (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A gerente de Contas Regionais do IBGE, Alessandra Poça, disse à Agência Brasil que o fato de 69 municípios representarem metade do PIB significa que há uma concentração econômica muito grande e “isso não muda de ano para outro”. O que se observa é que esses grandes municípios, independentemente do recorte que seja dado, vêm perdendo participação a cada ano. “Isso é uma constante. Isso ocorre porque os outros municípios estão aumentando sua economia.” As grandes cidades estão perdendo participação relativa, mas esse processo ainda é uma coisa muito lenta, explicou a gerente do IBGE.
Em 2017, sete municípios brasileiros responderam por quase um quarto do PIB do Brasil e por 13,6% da população. São eles São Paulo (SP), com 10,6%; Rio de Janeiro (RJ), com 5,1%; Brasília (DF), com 3,7%; Belo Horizonte (MG), com, 1,4%; Curitiba (PR), com 1,3%; Osasco (SP), com 1,2%; e Porto Alegre (RS), com 1,1%. Já em 2002, apenas quatro municípios somavam um quarto da economia nacional. Eles eram São Paulo (SP), com 12,7%; Rio de Janeiro (RJ), com 6,3%; Brasília (DF), 3,6%; e Belo Horizonte (MG), 1,6%.
Desconcentração
Segundo Alessandra Poça, a ampliação do número de municípios entre 2002 e 2017 permitiu identificar a tendência à desconcentração, com os municípios de menor valor ganhando participação em relação aos de maior valor. Levando em conta os 100 municípios com os maiores PIBs, nota-se que perderam participação no PIB do Brasil entre 2002 e 2017, de 60% para 55,3%. Excluindo as capitais, a perda de participação dos 100 maiores PIBs foi de 27,1% para 26,6%, no mesmo período.
Alessandra Poça disse que, desde o ano passado, a Gerência de Contas Regionais começou a fazer um trabalho conjunto, na parte de análise de dados, com a Diretoria de Geografia, que usou recortes, fazendo regionalizações do território brasileiro conforme as questões geográficas. “Aí a gente está olhando mais a geografia econômica”, esclareceu Alessandra Poça. Acrescentou que o olhar da geografia trouxe mais ferramenta analítica para interpretar os dados.
Concentrações urbanas
Olhando-se a distribuição do PIB por concentrações urbanas, que são arranjos de municípios com mais de 100 mil habitantes, com características similares ou uma interação econômica muito forte, constata-se que duas concentrações urbanas responderam por um quarto da produção econômica brasileira em 2017: São Paulo/SP, com 17,3%, e Rio de Janeiro/RJ, com 7,7% do PIB. Já as dez maiores concentrações urbanas, ou agregados de municípios, respondem por cerca de 43% do PIB nacional, ou R$ 2,838 trilhões (São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF, Belo Horizonte/MG, Porto Alegre/RS, Curitiba/PR, Campinas/SP, Salvador/BA, Recife/PE e Fortaleza/CE).
Outro conceito geográfico, da densidade econômica, pega o valor do PIB e divide pela área do município ou do arranjo de municípios. Isso significa, por exemplo, que a concentração urbana de São Paulo respondeu por um PIB de R$ 1,139 trilhão, com densidade econômica de R$ 159,230 milhões por quilômetro quadrado (159.230 mil R$/km2). Olhando somente a capital de São Paulo, verifica-se que o PIB em 2017 atingiu R$ 699,288 bilhões, ou 10,6% no PIB do Brasil.
Em 2017, os municípios das capitais representavam 32,4% do PIB nacional, menor participação da série. Em 2002, era 36,1%. “Significa que os demais municípios vêm ganhando participação. A leitura é essa: se a capital perdeu e os 100 maiores (municípios) sem a capital perderam, então o restante está ganhando”, disse Alessandra Poça.
PIB per capita
Em relação ao PIB per capita, isto é, por indivíduo, a gerente de Contas Regionais do IBGE informou que os dez municípios com os maiores PIB por pessoa somavam, em 2017, 1,5% do PIB nacional e 0,2% da população. Alessandra destacou que o PIB per capita vê a relação entre o PIB do país e a população. “Não necessariamente os maiores PIBs per capita são os municípios de maior valor de PIB, porque a maioria desses municípios tem uma indústria muito atrelada a commodities ou à indústria extrativa, como petróleo e minério, e, mais recentemente, municípios que têm grandes hidrelétricas. Quando a gente pega o PIB e divide pela população, a gente vê um PIB per capita grande; não necessariamente são os maiores PIB”, observou.
O município com maior PIB per capita (R$ 344. 847,17), em 2017, foi Paulínia (SP), em função da indústria de refino de petróleo. Já entre os municípios das capitais, a liderança foi exercida por Brasília, com R$ 80.502,47. A menor posição foi apresentada por Belém (R$ 20.821,46). Em 2017, 13 capitais brasileiras tinham PIB ‘per capita’ maior que o PIB brasileiro (R$ 31.702, 25). Em 2002, esse número era menor (11 capitais). Alessandra Poça ressaltou, porém, que um PIB per capita elevado não quer dizer que a renda gerada está sendo apropriada pela população daquela localidade. “A gente não consegue enxergar essa informação”.
A pesquisa mostra também que 13 grandes concentrações urbanas, com mais de 750 mil habitantes, apresentavam em 2002 um PIB per capita superior à média nacional. Brasília ocupava a primeira posição, naquele ano, passando para a segunda classificação em 2017, depois de Campinas. Em 2017, as grandes concentrações urbanas com PIB por pessoa maior que a média nacional incluíram Cuiabá/MT.
Tomando por base a hierarquia urbana dos municípios, observa-se que quanto maior a hierarquia, maior o PIB per capita. Em 2017, as metrópoles, com PIB por indivíduo da ordem de R$ 42.170, 42, superaram o PIB nacional (R$ 31.702, 25). O mesmo ocorreu com as capitais regionais, cujo PIB per capita alcançou R$ 34.190, 09. As demais classes da hierarquia urbana (centro sub-regional, centro de zona e centro local) tiveram PIB per capita menor que o nacional.
Edição: Valéria Aguiar
Fonte Oficial: Agência Brasil.